Intrigante é, a comunidade das larvas que habita as estranhas da Ratazana, no subsolo úmido das ruas norte.
Sua morada orgânica, imersa em pêlos negros e víceras mortas, é palco de espetáculos mais repugnantes do que a própria existência.
A cada período de tempo, é incumbido a todos à escolha que determinará seu novo mestre. Este, carregado de luxos e regalias, é cortejado pelos idiotas rastejantes que vivem para servi-lo, apesar da teoria paradoxa.
Ainda mais nauseante é o período que antecede a decisão, a brancura larvaminosa quase compara-se a beleza de suas palavras e expressões. No discurso ali vomitado, há promessas de carne, barro alimentar quente e preservação do recinto, vítima da violência interna.
O mais estranho é que depois do status ganho, o pútreo abusa de suas mordomias e esquece a caótica comunidade a que jurou servir.
Pobres Larvas acéfalas e de memória curta. Fadadas são à ruína de suas escolhas vãs. Dia após dia, corpo após corpo, lá estão: nas galerias do esgoto, esquina das ruas norte.
RF
2 comentários:
Eu declarei este texto com o Rafa, muito bom!! Amigo sempre ta sua larva!!
Fantástico este poema!
Rafa, sua subjetividade é incrível, parabéns!!!
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